Carrego nesse peito desvairado
O arado que Vovô nele deixou
Dizendo-me: a mulher é um ser sagrado
Alado encantamento que pousou;
Desceu de lá do céu e aqui chegou
Pra ser do bicho homem a nobreza
Porém o bicho homem a rebaixou
Por não saber lidar com essa grandeza!
E hoje quando vejo em todo canto
Mulheres aceitando sem espanto
O manto negro da submissão,
Pergunto pra Vovô discretamente:
Ninguém querendo, como pode a gente
Dar jeito nessa torta condição?!
Poema: Soneto da submissão
Autor: Jessé Costa
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